O Bruxismo do Sono (BS) é muito mais do que apenas ranger os dentes; ele é uma atividade muscular involuntária que acontece durante suas horas de descanso. Na verdade, o bruxismo é um hábito, e só é classificado como um distúrbio quando está associado a outras condições de saúde, como o uso de certos medicamentos ou a apneia obstrutiva do sono. Mas, afinal, o que acontece no seu cérebro e na sua noite quando o bruxismo se manifesta?
Continue lendo, pois vamos desvendar os mistérios por trás do sono agitado.
Bruxismo é um Marcador de Sono Fragmentado
O bruxismo é um fenômeno que ocorre em indivíduos saudáveis e atua como um marcador de fragmentação do sono. Durante a noite, nosso corpo passa por ciclos de sono não-REM (mais superficial) e REM (mais profundo, onde sonhamos).
O mais importante é que o bruxismo ocorre justamente no Estágio 2 do sono não-REM. Isso significa que a atividade muscular interrompe seu aprofundamento no sono. O bruxismo é o resultado de um “acordar cerebral”, conhecido como microdespertar, que leva a uma taquicardia e, em seguida, à contração muscular rítmica da mastigação.
A Gênese Central: Por Que Ele Acontece?
Você deve entender que a origem do bruxismo não está nos seus dentes, mas sim no Sistema Nervoso Central (SNC). Os episódios de bruxismo são desencadeados por um despertar do cérebro que provoca uma ativação muscular. A hipótese mais aceita para o bruxismo primário é o desequilíbrio na atividade de catecolaminas (como a dopamina) e a ativação do sistema autonômico simpático durante os períodos de instabilidade do sono.
Consequentemente, o tratamento para o bruxismo deve focar nos fatores que desencadeiam essas respostas no SNC, e não apenas nos dentes.
Fatores Que Pioram o Problema
Diversos fatores podem agravar ou até mesmo iniciar o bruxismo, transformando-o em um bruxismo secundário. Em primeiro lugar, o uso de medicamentos, como os antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS), pode desencadear ou piorar o bruxismo. Além disso, o consumo de substâncias estimulantes como cafeína, álcool e fumo tornam o sono mais superficial, aumentando o risco de microdespertares e, assim, o bruxismo.
Por isso, o dentista especialista irá perguntar sobre seus hábitos e medicações, pois esses dados são cruciais para o diagnóstico.
Bruxismo Como Mecanismo de Proteção
Embora pareça apenas prejudicial, em alguns casos, o bruxismo tem uma função de proteção no seu organismo. Por exemplo, em pacientes com Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), a contração muscular do bruxismo ajuda a desobstruir as vias aéreas, permitindo a passagem do ar. Da mesma forma, em casos de refluxo gastroesofágico, a atividade muscular estimula a salivação, ajudando a neutralizar o pH bucal. É importante ressaltar, no entanto, que ele também é um fator de risco para o aparecimento de DTMs.
A Solução: Priorize a Higiene do Sono
Já que o bruxismo está ligado a um sono superficial, a melhor estratégia de controle é trabalhar a higiene do sono. Você pode implementar mudanças simples, mas eficazes, na sua rotina: evite telas de celular e TV antes de dormir, mantenha uma rotina de sono consistente e reduza o consumo de cafeína após as 18h.
Para a proteção dos seus dentes e restaurações, a placa oclusal rígida é a melhor indicação, pois ela age perifericamente, protegendo as estruturas dentárias durante os microdespertares. O objetivo é ter um sono mais profundo, diminuindo a frequência dos episódios de bruxismo.



