Como é feito o diagnóstico de DTM? Entenda o processo clínico
Você já sentiu dores no rosto ao acordar ou percebeu estalos na mandíbula ao bocejar? Esses sinais podem indicar uma Disfunção Temporomandibular (DTM), uma condição que afeta a articulação e os músculos da mastigação. No entanto, muitas pessoas sofrem por anos sem um diagnóstico preciso, o que atrasa o início do tratamento adequado.
Primeiramente, é fundamental compreender que o diagnóstico de DTM é predominantemente clínico, baseando-se em uma investigação detalhada da história do paciente e em exames físicos minuciosos.
A importância da anamnese na investigação da dor
O diagnóstico começa com a anamnese, que representa cerca de 70% de todo o processo de identificação da desordem. Durante essa conversa, o especialista investiga a localização exata da dor, sua frequência e os fatores que a agravam, como mastigar ou falar. Além disso, analisamos o histórico médico em busca de comorbidades, como ansiedade ou distúrbios do sono, que frequentemente acompanham a DTM.
Portanto, relatar detalhadamente quando os sintomas surgiram e como eles se comportam é o primeiro passo crucial para o sucesso terapêutico.
O exame clínico: o que o especialista avalia?
Após a entrevista inicial, realizamos o exame físico, responsável por cerca de 25% do diagnóstico.
Durante essa etapa, o profissional avalia a amplitude de abertura da boca e observa se existem desvios ou ruídos, como estalos e crepitações, na articulação temporomandibular (ATM). Adicionalmente, fazemos a palpação dos músculos da face e do pescoço para identificar pontos de tensão, conhecidos como “trigger points”, que podem referir dor para outras áreas, como dentes ou ouvidos.
Através dessa análise, conseguimos diferenciar se a DTM tem origem muscular, articular ou ambas.
Exames complementares: quando são necessários?
Embora a avaliação clínica seja soberana, em alguns casos utilizamos exames complementares para refinar o diagnóstico, correspondendo a apenas 5% do processo
A ressonância magnética, por exemplo, é considerada o “padrão ouro” para visualizar tecidos moles, permitindo observar a posição e a integridade do disco articular. Por outro lado, a tomografia computadorizada é excelente para avaliar estruturas ósseas em casos de suspeita de processos degenerativos, como a osteoartrite.
Todavia, é essencial destacar que as imagens sozinhas não fecham o diagnóstico; elas servem apenas para confirmar os achados clínicos prévios. É importante que você não faça nenhum tipo de exame complementar antes que o especialista lhe peça, pois você pode se submeter a exames em que a anamnese e o exame clínico em si já seriam capazes de fechar o diagnóstico.
Normalmente pedimos exames quando a partir da imagem que nos será apresentada, teremos de alterar ou não nosso diagnóstico e consequentemente nossa conduta terapêutica.
O diagnóstico diferencial e a relação com medicamentos
Um aspecto moderno e vital no diagnóstico é a análise do uso de medicamentos. Certos fármacos, especialmente alguns antidepressivos, podem atuar como gatilhos ou potencializadores de hábitos como o bruxismo, influenciando diretamente os sintomas da DTM.
Por isso, o especialista deve avaliar se a dor do paciente pode estar sendo exacerbada por interações medicamentosas. Consequentemente, essa visão sistêmica evita tratamentos ineficazes e permite uma abordagem personalizada, que pode envolver desde orientações de autocuidado até terapias conservadoras e ajustes na medicação em parceria com outros médicos.



