Acorda Cansado e com Dor? Pode Ser Bruxismo!
Você acorda com frequência sentindo os músculos da mandíbula cansados ou doloridos? Sente uma dor de cabeça chata logo pela manhã, especialmente na região das têmporas? Ou, talvez, seu parceiro(a) já tenha comentado que você faz barulho rangendo os dentes durante a noite? Esses são grandes indícios do bruxismo. No entanto, como o bruxismo é um hábito e não exatamente uma doença, os especialistas preferem usar o termo “detecção” ao invés de “diagnóstico”. Vamos entender como um profissional identifica esse hábito.
Sinais de Alerta: O Que Procuramos no Exame Clínico?
A primeira etapa da detecção acontece na cadeira do dentista. Durante o exame clínico, procuramos por achados físicos que sugerem o hábito de apertar ou ranger os dentes. Os sinais mais clássicos que avaliamos são:
- Desgaste Dental: A presença de facetas de desgaste que se encaixam perfeitamente entre os dentes de cima e os de baixo.
- Fraturas: Histórico de fraturas inexplicáveis de dentes ou restaurações.
- Marcas na Boca: Linhas brancas na parte interna da bochecha (chamada linha alba) ou marcas dos dentes nas bordas da língua.
- Hipertrofia Muscular: O músculo masseter (aquele que “salta” na bochecha quando apertamos os dentes) pode ficar visivelmente maior ou mais forte.
É importante notar que o desgaste dental sozinho não confirma o bruxismo ativo. Ele pode ser apenas uma “cicatriz” de um hábito que o paciente teve no passado. Por isso, ele é analisado em conjunto com outros sinais e sintomas, como o seu relato de dor.
Os 3 Níveis de Detecção do Bruxismo
Para classificar o grau de certeza sobre o hábito, os especialistas internacionais organizaram a detecção do bruxismo em três níveis. Essa classificação vai desde o relato do paciente até a confirmação por exames específicos.
1. Bruxismo Possível (Baseado no Relato)
O primeiro nível é o “bruxismo possível”. Essa classificação é feita apenas com base no seu relato, obtido através de uma boa anamnese (conversa clínica) e questionários. Se você relatar que se percebe apertando os dentes durante o dia (Bruxismo de Vigília) ou se alguém já ouviu você rangendo os dentes à noite (Bruxismo do Sono), já consideramos um “bruxismo possível”.
2. Bruxismo Provável (Relato + Exame Clínico)
Subimos para o “bruxismo provável” quando, além do seu relato, encontramos os achados clínicos no exame físico. Ou seja, é a combinação do que você sente (cansaço muscular, dor ) com o que o dentista vê (desgastes, marcas na bochecha). Na prática clínica, a grande maioria dos pacientes se enquadra nesse nível, que já é suficiente para iniciarmos o controle.
3. Bruxismo Definitivo (O Padrão-Ouro)
O “bruxismo definitivo” só pode ser confirmado com o uso de um método instrumental. Para o Bruxismo do Sono, o exame padrão-ouro é a polissonografia. Esse exame é realizado em um laboratório do sono, onde você dorme monitorado por eletrodos que registram sua atividade cerebral, cardíaca, respiratória e, o mais importante para nós, a atividade elétrica dos músculos da mastigação.
E o Bruxismo de Vigília (durante o dia)?
A polissonografia só serve para o bruxismo do sono. Para detectar o Bruxismo de Vigília (o hábito de apertar os dentes enquanto está acordado), a ferramenta mais usada é o relato do paciente e, mais recentemente, a eletromiografia (EMG) portátil ou até mesmo aplicativos de celular. Esses apps enviam lembretes ao longo do dia para que você verifique se está ou não encostando os dentes, ajudando a criar consciência sobre o hábito.
Na maioria dos casos, não é preciso fazer uma polissonografia para iniciar o controle do bruxismo. A avaliação clínica de um especialista, combinando seu histórico de dor, cansaço muscular e os sinais físicos na sua boca, é o caminho mais comum para a detecção.
Se você se identificou com esses sintomas, procure um dentista especialista em DTM e Dor Orofacial. O controle desse hábito é essencial para proteger seus dentes e devolver seu conforto.



