Estresse e DTM: Por que sua Mandíbula Dói Quando Você Está Tenso?
Você já percebeu que sua mandíbula fica mais rígida ou dolorida depois de um dia caótico no trabalho? Ou que aquela dor de cabeça chata, bem na região das têmporas, parece ser uma visita constante em épocas de ansiedade? Você não está imaginando coisas. A conexão entre a sua saúde emocional e a Disfunção Temporomandibular (DTM) é real, e entender essa ligação é o primeiro passo para encontrar alívio.
O que o Estresse Realmente Faz com sua Mandíbula?
Vamos direto ao ponto: o estresse emocional raramente é a causa única da DTM. No entanto, ele é classificado como um poderoso fator etiológico , atuando principalmente para “perpetuar” o problema. Isso significa que a ansiedade e o estresse podem agravar drasticamente um quadro de DTM já existente ou dificultar muito a sua cura. Quando estamos tensos, nosso corpo reage. Alguns sentem dor de estômago, outros, dor nas costas. E muitos de nós… apertamos os dentes.
O Vilão Oculto: Bruxismo de Vigília
Essa tensão emocional se manifesta muito frequentemente como Bruxismo de Vigília. Diferente do ranger noturno (bruxismo do sono), o bruxismo de vigília é o ato de apertar, “encostar” os dentes ou manter a musculatura da mandíbula rígida de forma constante durante o dia. Isso acontece de forma inconsciente, geralmente enquanto estamos concentrados, dirigindo ou preocupados. Esse hábito parafuncional causa uma sobrecarga gigantesca na sua Articulação Temporomandibular (ATM) e nos músculos ao redor.
Do Apertamento à Dor: Nasce a DTM Muscular
Imagine segurar um peso leve com o braço estendido o dia todo. O peso é leve, mas a constância do esforço leva o músculo à exaustão. O mesmo acontece com sua mandíbula. Esse apertamento constante leva à fadiga, inflamação e até à falta de oxigenação adequada nos músculos da mastigação, como o masseter e o temporal.
O resultado é a Mialgia (dor muscular), um dos tipos mais comuns de DTM. Os sintomas clássicos que você pode sentir incluem:
- Dor difusa na face, bochecha ou têmporas.
- Cansaço ou dor ao mastigar alimentos mais duros.
- Dor de cabeça parecida com “pressão” (tipo tensional).
- Às vezes, dificuldade ou limitação para abrir a boca.
O Estresse Também “Aumenta o Volume” da Dor
Além do fator mecânico (apertar os dentes), o estresse crônico afeta diretamente seu sistema nervoso. Em pacientes com dores crônicas, é comum observar uma “sensibilização central”. Na prática, isso significa que seu cérebro e seus nervos ficam hipersensíveis, e estímulos que antes não doíam passam a ser interpretados como dor. O estresse, literalmente, amplifica o volume da sua dor de DTM.
Como Tratar a DTM Ligada ao Estresse?
Se a DTM é agravada por fatores emocionais, o tratamento não pode ser focado apenas na boca. Um tratamento eficaz para a DTM relacionada ao estresse exige uma abordagem dupla. Na clínica, dividimos isso em “Eixo I” (os fatores físicos) e “Eixo II” (os fatores psicossociais).
Isso significa que o tratamento pode envolver terapias físicas para aliviar os sintomas agudos, como o uso de uma placa oclusal estabilizadora (para proteger os dentes e músculos do bruxismo) , fisioterapia e, em alguns casos, medicamentos para controlar a dor e a inflamação. Contudo, para quebrar o ciclo vicioso, é fundamental gerenciar o “Eixo II”: o estresse. Técnicas de biofeedback (como aplicativos que enviam lembretes para “desencostar os dentes”) , terapia cognitivo-comportamental e o acompanhamento com um psicólogo são essenciais para controlar o hábito do apertamento e tratar a raiz emocional que alimenta a dor.



