Seu filho adolescente parece estar sempre cansado, irritado ou com dificuldade de se concentrar na escola? Você não está sozinho. Muitos pais notam que, quanto mais o celular fica ligado à noite, pior é o humor no dia seguinte. Essa exaustão crônica não é “coisa da idade”; é um sinal claro de que o padrão de sono está prejudicado, e o uso excessivo de telas é, hoje, um dos principais culpados.
Por que o sono do adolescente é diferente?
Durante a adolescência, o relógio biológico (ritmo circadiano) naturalmente se atrasa. O cérebro deles começa a produzir melatonina, o hormônio da noite, mais tarde do que o de uma criança ou adulto. Por isso, eles biologicamente sentem sono mais tarde, muitas vezes apenas perto das 23h ou meia-noite, e têm uma necessidade fisiológica de acordar mais tarde. O grande problema é que a rotina escolar não espera esse ritmo.
O Vilão Moderno: Telas e o Excesso de Luz Azul
Aqui entra o grande conflito: o uso de telas. Celulares, tablets, videogames e computadores emitem uma alta intensidade de luz azul. Quando o adolescente usa esses aparelhos à noite, o cérebro recebe uma mensagem errada: “ainda é dia”. Isso bloqueia a produção de melatonina exatamente na hora em que ela deveria começar a subir, atrasando ainda mais o início do sono.
Esse atraso forçado cria o que chamamos de “jet lag social”. O jovem só consegue adormecer de madrugada, mas precisa acordar às 6h da manhã para a escola. O resultado é uma privação crônica de sono durante a semana, que ele tenta, sem sucesso, compensar nos fins de semana. Essa irregularidade desregula todo o ritmo do corpo.
Sinais de Alerta: Quando a falta de sono vira um problema?
A falta de sono vai muito além do bocejo. Fique atento a sinais como irritabilidade constante, mudanças de humor, queda brusca no rendimento escolar, dificuldade de concentração, dores de cabeça pela manhã e uma luta diária para acordar. Em alguns casos, essa privação severa pode agravar ou até mascarar distúrbios do sono mais sérios, como a insônia crônica ou a apneia obstrutiva do sono.
Como Ajudar: Dicas Práticas de Higiene do Sono
A solução começa com a criação de uma rotina saudável e bons exemplos dentro de casa. Incentive o que chamamos de “pôr do sol digital”: a desconexão de todas as telas pelo menos uma hora antes do horário de dormir. Manter horários regulares para dormir e acordar (mesmo nos fins de semana) e garantir que o quarto seja um ambiente escuro, silencioso e fresco também são medidas fundamentais.
E se a mudança de hábitos não for suficiente?
Se mesmo após ajustar a rotina e limitar o uso de telas, seu filho continuar apresentando sonolência excessiva durante o dia, roncos altos, pausas na respiração ao dormir ou relatar que acorda com a mandíbula travada (sinal de bruxismo), é hora de buscar ajuda profissional.
Como dentista do sono, podemos avaliar como a respiração e a estrutura orofacial podem estar impactando o descanso, indo além da questão comportamental das telas.



